A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Brasília montou uma tenda na Esplanada dos Ministérios para acompanhar as manifestações. No Departamento de Polícia Especializada (DPE), neste momento, sete advogados da OAB atenderam os manifestantes detidos.
Mais de 30 pessoas foram detidas, mas não há ainda informações sobre os motivos das detenções.
"O comando da PM está entendendo que o simples fato de a pessoa estar portando máscara é suficiente para trazê-la para a delegacia. Eu entendo que isso é inconstitucional. Então, estamos conversando com a polícia para que as pessoas que estejam com máscaras tenham que se identificar, mas não sejam detidas por isso", disse à Agência Brasil o advogado Alexandre Queiroz, que está coordenando o grupo da OAB.
Queiroz informou que os advogados acompanharam os depoimentos dos manifestantes e, depois disso, na maior parte dos casos, os detidos foram liberados pela polícia.
No entanto, o advogado reconhece que "existe uma situação de anormalidade", e garantiu que a OAB não será conivente com abusos de nenhuma das partes. "Nós somos representantes da sociedade. Não vamos ser coniventes com abusos da polícia, nem dos manifestantes", disse.
De acordo com Queiroz, também há representantes da OAB na Delegacia da Criança e do Adolescente, onde há notícias de que menores de 18 anos também foram apreendidos.
Além dos detidos, a polícia apreendeu máscaras de gás, pelo menos um canivete e pedaços de madeiras que seriam utilizados em confrontos. A estimativa é que o grupo tenha entre 300 e 400 manifestantes, embora o número pareça maior porque eles estão em locais de grande circulação de pessoas como a rodoviária de Brasília.
A informação da assessoria da PM é que os líderes dos manifestantes que praticam atos de vandalismo estão sendo identificados e serão presos posteriormente.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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