terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Especial: 10 anos da ‘lista suja’ do trabalho escravo

Cadastro de empregadores flagrados com escravos completa dez anos. Confira todas reportagens publicadas sobre as atualizações semestrais no período
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O cadastro de empregadores flagrados com trabalho escravo completou 10 anos de existência este ano. A relação mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego foi criada em novembro de 2003 e tornou-se conhecida como “lista suja”. Ela hoje serve de base para restrições a financiamentos por parte de bancos públicos e de parâmetros para as negociações de empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.  Quem é flagrado, após passar por processo administrativo no qual tem chance de se defender, é inserido e permanece no cadastro por dois anos. Após este período, se tiver sanado todas irregularidades e pago as indenizações devidas, é excluído.
Desde seu lançamento em 2003, a Repórter Brasil acompanha as atualizações semestrais da relação. Para facilitar a consulta à lista desenvolveu em 2005, em parceria com  a Organização Internacional do Trabalho e o Instituto Ethos, desenvolveram um sistema de busca disponível em portuguêsinglêsfrancês e alemão.
Confira abaixo o histórico completo com todas as atualizações da “lista suja” desde 2005 ou clique aqui para ver a relação com todas as entradas e saídas desde 2007

lyra
Atualização realizada em julho de 2013 teve como destaque a inclusão envolvendo oito políticos ruralistas, incluindo as empresas dos deputados federais João Lyra (PSD-AL) e Urzeni Rocha (PSDB-RR), e do ex-ministro da Agricultura de Fernando Collor (1990-1992), Antônio Cabrera. Dos oito, quatro foram incluídos por causa de flagrantes de exploração de pessoas na pecuária, atividade econômica mais presente nessa atualização. O cadastro ficou com 504 nomes, um recorde, sendo que foram incluídos 142 empregadores.

2012- dezembroA atualização  reforçou a relação entre escravidão e crimes ambientais e ficou marcada pela volta da construtora MRV, uma das maiores do país. Nos últimos anos, o número de pecuaristas e de envolvidos na produção de carvão tem chamado a atenção devido a sua recorrência. Como de costume, houve a inserção de políticos na lista.

2012 – julhoA construtora MRV, uma das principais do país, esteve entre os destaques nessa atualização ao lado da Prime Incorporações e Construções S/A, da  MSKE Construções e Serviços Ltda. e da Eplan. Na esfera política, entraram Janete Gomes Riva, esposa do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, José Riva (PSD) e  do sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB/MT), Emanoel Gomes Bezerra Júnior.

2011 – dezembroEntre os inseridos figuraram alguns dos principais grupos usineiros do país, madeireiras, empresários e até uma empreiteira envolvida na construção da usina hidrelétrica de Jirau. A lista incluiu ainda médicos, políticos, famílias poderosas e casos de exploração de trabalho infantil (foto ao lado) e de trabalho escravo urbano.

2011 – julhoDois prefeitos entraram no cadastro: José Rolim Filho (PV), mais conhecido como Zito Rolim, que era prefeito eleito de Codó (MA); e Vicente Pereira De Souza Neto (PR) que estava à frente da Prefeitura de Toledo (MG).

2010 – dezembroAtualização marcada pela diversidade de empregadores incluídos, entre os quais representantes de diferentes estados e setores econômicos.

2010 – julhoReincidente, grupo Edson Queiroz, empreendimento agropecuário Esperança Agropecuária e Indústria Ltda, e Construtora Almeida Sousa estão entre os destaques.

2009 – dezembroA Cosan, uma das maiores processadores de cana-de-açúcar do mundo, entrou para a relação juntamente com outros 11 empregadores envolvidos em casos de escravidão 

2009 – julhoCriadores de gado bovino e fazendeiros de soja e algodão que atuam em áreas de expansão (como o Oeste da Bahia) foram incluídos na atualização do cadastro.

2008 – dezembroUm dos destaques dessa atualização foi a inclusão do juiz Marcelo Testa Baldochi, integrante do Poder Judiciário do Estado do Maranhão. Já a Energética do Cerrado Açúcar e Álcool Ltda., principal responsável pela Usina Itarumã, em Itarumã (GO), foi o agente empregador incluído com o maior número de libertados: 77 pessoas, vindas do Maranhão.

2008 – julhoEntre os destaques estão o presidente da Câmara Municipal de Marabá (PA), vereador Miguel Gomes Filho (PP), e o Grupo José Pessoa, que por meio da empresa Agrisul Agrícola Ltda., entrou para a relação de empregadores vinculados à exploração de mão-de-obra escrava por causa do resgate de 1.011 cortadores de cana.

2007 – dezembroLeitbom, Grupo Soares Penido e Agroserra estão entre os incluídos nesta atualização. Outra empresa com participação relevante no mercado que entrou na “lista suja” foi a Itamarati Indústria de Compensados.

2007 – julhoPela primeira vez, Amazonas, Ceará e Santa Catarina foram inclusos na “lista suja”. Nessa atualização, entraram no cadastro empresas moveleiras. Duas empresas exportadoras, a Cruzado Móveis e a Móveis Rueckl como empregadoras da fazenda Campo Grande, juntamente com a Indústria Agroflorestal Heyse. Também entraram três siderúrgicas: a Fergumar (Ferro Gusa do Maranhão), a Itasider Usina Siderúrgica Itaminas SA e a Simara.

2006 – dezembroAtualização marcada pela inserção por engano e, em seguida, retirada da lista da Destilaria Gameleira. Trata-se de um caso emblemático no qual 1.003 trabalhadores foram resgatados em 2005.
foto52006 – julhoNessa atualização foram incluídas 25 pessoas físicas e empresas totalizando 178 nomes. Entre elas, o senador João Ribeiro (PL-TO) e Vitalmiro Bastos de Moura, apontado como o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang no Pará, além de empresas que fornecem para indústrias de aço e de higiene.

2005 – dezembroBeto Mansur (PP), ex-prefeito da cidade paulista de Santos, foi incluído na lista devido a presença de 46 trabalhadores que foram libertados de sua fazenda em Porangatu (GO). A atualização  traz propriedades que se localizam em Rondônia, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e, pela primeira vez, Goiás aparece pela primeira vez.

2005 – julhoSistema de consultas do cadastro é lançado pela Repórter Brasil, OIT e Instituto Ethos em 13 de setembro de 2005.

2004 – dezembroO estado do Pará apareceu mais vezes e foi também o recordista em trabalhadores libertados. Fazendas desmatadas para agropecuária e carvoarias são as que mais usam mão-de-obra em condição análoga à de escravidão.

2004  - julho
segunda relação de pessoas e empresas condenadas em âmbito administrativo pela prática de trabalho escravo traz alguns dos maiores produtores e exportadores de algodão do país

 2003 - novembroLogo após sua criação por meio de uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, aRepórter Brasil divulgou pela primeira vez a relação oficial de empregadores flagrados.



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