Paulo Vinícius Coelho - O Estado de S.Paulo
Arnaldo Tirone não concorrerá à reeleição no Palmeiras. "Não tem clima!", afirmou Tirone ao telefone na manhã de quarta-feira. Sua resposta veio acompanhada da explicação sobre os reforços que não chegam nem chegarão antes das eleições do clube, marcadas para 21 de janeiro.
Riquelme, por exemplo. Semana passada, César Sampaio viajou a Buenos Aires, reuniu-se com o procurador do meia, Daniel Bolotnikoff, e depois com o próprio Riquelme. Chegaram ao consenso de que dinheiro não seria problema. Riquelme queria o desafio de jogar no Brasil e ficou à espera do sim, para embarcar. Mas não, a resposta não foi positiva. "Não posso comprometer o dinheiro da próxima gestão", justificou Tirone.
Duas razões tiraram do Palmeiras o interesse pelo meia argentino: 1. A comissão técnica não quer, no que tem razão; 2. O COF não deixa. A sigla COF não representa o comitê de velhinhos que tossem sem parar e por isso... COF, COF, COF... Não, não é isso! COF é o Conselho de Orientação e Fiscalização, formado por 15 conselheiros, que deveriam ter por princípio orientar e fiscalizar. Nos últimos tempos o COF ganhou tom político. Aprova ou rejeita contas de acordo com as circunstâncias políticas e tem maioria acompanhando os votos de Mustafá Contursi.
No final do mandato de Arnaldo Tirone, virou também o Conselho da Proibição. É proibido gastar sem justificar, o que inviabiliza a montagem do time para 2013. Em parte, isso se deve à má gestão Tirone. Em parte, à história recente do COF de fazer mais política do que orientar.
Só existe uma saída no início do próximo mandato, seja de Paulo Nobre ou de Décio Perin, os dois candidatos à presidência: renegociar e alongar a dívida, o que pode exigir aprovação do COF.
Ao próximo presidente não basta vencer a eleição. É preciso fazer maioria no COF e devolvê-lo à sua missão, de orientar e fiscalizar, não de inviabilizar e proibir, sob o guarda-chuva de Mustafá.
Não é correto dizer que o pior está por vir, como fez nesta semana o diretor-jurídico do clube, Piraci de Oliveira. É muito mais justo observar os desafios do próximo mandato.
Pilares. Entre 2013 e 2014, o Palmeiras tem quatro pilares inegociáveis: 1. Gerenciar a nova Arena e fazê-la lotar em todos os jogos, ser um polo do futebol brasileiro; 2. Fazer o Brasil falar do clube no ano do seu centenário, mesmo com a coincidência com Copa do Mundo; 3. Fazer times competitivos e voltar a ganhar títulos; 4. Promover a reforma estatutária, capaz de fazer o clube olhar para fora de seus muros, como há anos não faz.
Comprometer-se com esses quatro pilares fará o Palmeiras voltar a ser novamente poderoso. Não atender a esses compromissos pode significar a queda num poço sem fundo e sem retorno. No momento em que o futebol brasileiro define sua nova elite, entre os que têm capacidade de investimento e ousadia para transformar sua marca em fonte de renda, ou o clube pisa no acelerador com a devida sabedoria, ou define seu papel na vala dos clubes médios.
Convenhamos, até corintianos, santistas e são-paulinos sabem qual desses papéis melhor se encaixa ao Palmeiras.
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