A Repórter Brasil reuniu jornalistas de 25 Estados no último sábado, dia 12, para realização de uma oficina sobre tráfico de pessoas em São Paulo. No curso, os participantes tiveram a oportunidade de conversar com especialistas e receberam orientações sobre como fazer uma cobertura aprofundada sobre o problema. Durante o encontro foram apresentados os resultados do relatório “Tráfico de pessoas na imprensa brasileira” e as principais recomendações do  “Guia para jornalistas com referências e informações sobre enfrentamento ao tráfico de pessoas”. As duas publicações, lançadas na sexta-feira, dia 11, foram desenvolvidas com apoio do Ministério da Justiça e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Os convidados foram selecionados com base em critérios como conquista de prêmios jornalísticos na área de direitos humanos, e produção significativa sobre tráfico de pessoas e temas relacionados. 
Participantes do curso para jornalistas sobre tráfico de pessoas (Foto: Stefano Wrobleski)
Para a produção do relatório sobre a cobertura da imprensa sobre tráfico de pessoas no Brasil, foram analisados 655 textos publicados em cinco diferentes veículos ao longo de mais de sete anos. O levantamento indica que o assunto não é tratado com a profundidade necessária e que erros conceituais ainda são comuns. Os resultados do estudo sobre problemas na cobertura da mídia ajudaram na organização do guia com recomendações para jornalistas. A publicação, feita com base em entrevistas com mais de 25 especialistas, apresenta sugestões de abordagem, marco legal, datas importantes e guia de fontes.
Um dos grupos em formação coordenada pelo programa Escravo, Nem Pensar!
Um dos grupos em formação coordenada pelo programa Escravo, Nem Pensar!
No encontro, as principais conclusões dos dois estudos foram apresentadas para os jornalistas logo pela manhã por Fernanda Alves dos Anjos, do Ministério da Justiça, Daniel Santini, coordenador de jornalismo da Repórter Brasil, e Leonardo Sakamoto, coordenador geral da ONG. Em seguida, os convidados foram divididos em cinco grupos para discutir, com base em suas realidades locais e no conhecimento do tema, o que é o tráfico de pessoas. A discussão seguiu metodologia do Escravo, Nem Pensar!, programa educacional da ONG que realiza formações com professores de municípios vulneráveis em todo o país desde 2004. O debate foi conduzido por Natália Suzuki, coordenadora do programa de educação da Repórter Brasil.
O auditor fiscal Renato Bignami, que coordena o programa de Erradicação do Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, falou logo depois sobre as interfaces entre tráfico de pessoas e trabalho escravo. Daniel Santini mostrou, em seguida, alguns casos noticiados pelaRepórter Brasil em que os problemas se relacionavam e como a ONG fez a cobertura do tema.
O dia terminou com uma mesa de debates composta por quatro mulheres que estão na linha de frente do combate ao tráfico de pessoas: Dalila Figueiredo (coordenadora da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude – Asbrad), Estela Scandola (representante da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos), Marina Novaes (assessora especial para promoção do trabalho decente da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo) e Graça Gadelha (consultora do Instituto Aliança).
Dalila Figueiredo expondo aos jornalistas seu papel na Asbrad
Os jornalistas que participaram da formação foram:
Alexandre Lemos Júnior, A Gazeta (ES)
Aline Oliveira de Lima, Jornal da Paraíba (PB)
Allan Douglas Costa Pinto, Tribuna do Paraná (PR)
Altino Machado, Portal Terra (AC)
Amilcar Sergio Teixeira Soares Júnior, Folha de Boa Vista (RR)
Cleomar da Silva Almeida Rosa, O Popular (GO)
Daniel Herculano Machado Barroso, Sistema Jangadeiro (CE)
Fabiana Moraes, Jornal do Commercio (PE)
Jaqueliny Miranda Siqueira, Portal Clube (PI)
Juliana Cézar Nunes, EBC (DF)
Kátia Maria Alexandre Brasil, Amazônia Real (AM)
Leandro Uchoas Ribeiro (RJ)
Letícia Boff Duarte, Zero Hora (RS)
Luiz de Melo Ferreira, Diário do Amapá e Rádio Diário FM (AP)
Mariana Reis Mendes, Jornal do Tocantins (TO)
Melina Marcelino Vieira, Canal Futura (PA)
Monica Foltran, Diário Catarinense (SC)
Rafael Heleno de Almeida, Correio de Sergipe (SE)
Roberto Wagner Carvalho de Lucena, Tribuna do Norte (RN)
Rodrigo Borges Delfim, UOL e Migra Mundo (SP)
Rodrigo Vargas, Diário de Cuiabá (MT)
Sandra Zanella Jorge, Tribuna de Minas (MG)
Severino Carvalho Gomes, Gazeta de Alagoas (AL)
Tatiane Karina Barbosa de Queiroz, G1 e TV Morena (MS)
Victor Uchôa Firmo, O Correio da Bahia (BA)