O desastre está consumado. O empate da Portuguesa contra o Grêmio no Canindé decretou oficialmente nossa queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Lembro-me da queda de 2002, como machucou ouvir as baterias de rojões. Ingenuamente, achei que a tragédia era tão grande que teríamos alguma solidariedade de torcedores do SCCP e do SPFC. Talvez fosse algum tipo de delírio, efeito colateral do desespero. O fato é que doeu demais.
As baterias de rojões espoucam por todo o país neste momento, segundo relatos dos leitores pelo Twitter. Talvez pela morte estar anunciada já há algumas rodadas, desta vez dói menos. Ou talvez porque já seja a segunda vez. É humilhante demais dizer que agora estamos mais escolados.
Agora, virão toneladas de provocações. As matérias na imprensa, carregadas de falsa emoção, disfarçadas de “drama”, virão com dose extra de sadismo. Vão tripudiar sem dó. Quem quiser, assista, leia. Há escolha.
No dia-a-dia, entretanto, será inevitável. Piadinhas de duplo sentido nas redes sociais, vindas de seus colegas, amigos e parentes. Na escola, no trabalho, nas ruas. Trocadilhos, escárnio. Somos o alvo do bullying. Temos que saber lidar com essa praga.
Na verdade, eu ficaria extremamente deprimido se não houvesse qualquer reação. Se nossa queda tivesse o mesmo significado da queda do Figueirense, ou do CAG, seria realmente o fundo do poço. A festa mundo afora pela nossa desgraça é o que precisamos para nunca nos esquecermos que somos gigantescos. Que nem Tirone, nem Frizzo, nem Piraci são capazes de nos apequenar.
Particularmente não tolero gracinhas de amigos e parentes, e todos já sabem disso e não mexem comigo. Mas é algo que construí nestes quase 42 anos de vida, naturalmente, com consistência. Com provocações de torcedores desconhecidos, não me importo. Absorvo com tranquilidade. Que todos os palmeirenses, neste momento, saibam trabalhar com as provocações que virão, e que encarem cada uma como um troféu. Lembrem-se que o silêncio deles seria realmente muito, muito pior.
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