sábado, 11 de janeiro de 2014

Situação em Pedrinhas aumenta chance de rebelião, diz presidente de comissão

Beto Macário e Carlos Madeiro 
Do UOL, em São Luís

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UOL entra no complexo penitenciário de Pedrinhas14 fotos

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10.jan.2014 - Comissão liderada pela deputada estadual Elziane Gama (PPS) [blusa branca] vistoria (Centro de Detenção Provisória) do Complexo de Pedrinhas, em São Luís do Maranhão Beto Macário/UOLBeto Macário/UOL
A situação no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, é preocupante, com relatos de problemas estruturais, superlotação e violência, segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão, Eliziane Gama (PPS).

"A comida está em uma situação terrível, o local é de insalubridade. É uma coisa cruel, e isso aumenta muito a tensão, aumenta a possibilidade real de rebelião", afirmou ao
 UOL.Superlotado, com 1.700 vagas e 2.200 presos, o complexo registrou 62 mortes desde o ano passado --60 em 2013 e duas neste ano.
 Após uma intervenção da PM (Polícia Militar) no complexo, detentos ordenaram ataques fora do presídio -- em um deles uma menina de 6 anos morreu depois de ter 95% do corpo queimado em um ônibus que foi incendiado.

Ela também relatou problemas estruturais e de serviços no presídio: "Você entra lá e vê que a situação não é nada daquilo que o governo diz. Temos superlotação, falta de controle no acesso. Hoje mesmo recebemos a denúncia que uma arma entrou no sistema. A situação é muito preocupante", disse.

A comissão deve entregar, na próxima segunda-feira (13), um relatório sobre a inspeção feita no CDP (Centro de Detenção Provisória), no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

O documento vai incluir relatos de caso de violência, segundo Eliziane. "Nós tivemos relatos, mas isso não é uma coisa de hoje. Presos andam sendo agredidos por policiais, que não são treinados para cuidar deles. Há uma incompatibilidade, de forma emergencial", afirmou.

Preso fala em ameaça de novos ataques

Presos do CDP (Centro de Detenção Provisória), considerado o mais violento do complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, ameaçam iniciar uma nova onda de ataques caso as transferências anunciadas pelos governos do Estado e federal sejam realizadas.

Segundo a Secretaria de Estado da Justiça e Administração Penitenciária, o CDP tem 698 presos, mas só tem capacidade para 402. Foi lá que três presos foram decapitados, em dezembro de 2013. Foi de lá também que partiram as ordens de ataques a ônibus no último dia 3. Por conta da tensão no local,
 a defensoria pública suspendeu os atendimentos no local.UOL teve acesso, com exclusividade, ao CDP, na tarde desta sexta-feira (10), durante visita da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Foi a primeira equipe de reportagem a entrar no local desde que eclodiu a crise no sistema prisional do Maranhão, que tem como foco o complexo de Pedrinhas.
Segundo um dos detentos, que prestou depoimento à comissão, os ataques aos ônibus ocorreram para que a PM (Policia Militar) –que ocupou o presídio no último dia 27-- deixasse o local. O temor agora é que a transferência seja efetivada.
"Eles tão com medo dessa transferência, eles não estão sabendo quem vai. Mas sei que, conforme seja, nos primeiros dias vai ter de novo [ataques] para tentar colocar pressão na população, na sociedade, na imprensa, no pessoal da secretaria, mas não vai ser assim [como esse] não. Tem uns aí que não podem mais cair por ali, pois não acataram a ordem, que era tirar todo mundo dos ônibus", disse o detento.
Segundo o preso, a ordem era não matar ninguém, mas o atentados resultaram em quatro feridos e a morte de uma criança de seis anos.
"Não era para matar ninguém. A ordem era só para era só para tocar fogo em ônibus, para chamar a atenção e tirar a PM daqui. Era isso que eles queriam", afirmou.
Segundo a  presidente da comissão, Eliziane Gama (PPS), o clima de tensão aponta para a possibilidade de novas rebeliões, justamente pelos presos acusados de praticar os atentados.
"Eu percebi esse risco por conta da superlotação. O pessoal da triagem, que é o pessoal preso recentemente, inclusive o pessoal suspeito dos atentados, está numa situação mais complicada pelo nível de periculosidade. Precisaria dar atenção diferenciada", afirmou.

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