domingo, 20 de janeiro de 2013

Sem estrutura, IML da zona leste de SP marca corpos a caneta


Poças de sangue, tufos de cabelo e dejetos de cadáveres espalhados pelo chão por causa de um cano quebrado. O corpo de um homem morto havia dois dias estava em estado de decomposição sobre uma maca e com números escritos em sua perna.
Filme de terror? Não. Esse foi o cenário encontrado pela Folha na sala de necropsia do posto do IML (Instituto Médico-Legal) de Artur Alvim na sexta-feira retrasada.
O líquido (aquela mistura de sangue e dejetos) chegava a molhar os sapatos de quem entrava no ambiente e precisava ser puxado por um funcionário com um rodo.
O cenário, dizem os funcionários ouvidos pela reportagem, é corriqueiro.
Nesta unidade do IML, que atende toda a zona leste de São Paulo, há dias em que só um médico precisa fazer até 20 necropsias em um plantão de 12 horas.
Com as geladeiras lotadas, os corpos são marcados como gado, com os números de prontuários anotados em suas coxas, em vez de terem uma pulseira ou etiqueta afixada.
FACA DE CHURRASCO
Nos dias com mais trabalho, os cadáveres chegam a se espalhar por toda a sala de necropsia e parte do corredor.
No posto também faltam equipamentos especializados para realizar os procedimentos de medicina legal, como bisturis. Os técnicos usam facas de churrasqueiro para cortar os corpos.
O diretor interino do IML, Jorge Pereira de Oliveira, disse desconhecer todos esses problemas.

IML de Artur Alvim

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ATENÇÃO: a galeria a seguir contém imagens agressivas
INVESTIGAÇÃO
Após a Folha publicar, no último dia 6, uma reportagem mostrando a situação dos postos do IML na cidade, a Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo entrou com um pedido de investigação policial sobre a falta de estrutura no instituto.
Nos últimos dias, a entidade recebeu uma série de relatos de falta de estrutura que, de acordo com ela, trazem riscos à saúde dos funcionários e de quem precisa ir aos necrotérios.
Segundo a associação, aparentemente, delitos criminais e administrativos estariam sendo praticados no IML. Entre eles, crimes contra saúde pública e vilipêndio (desrespeito) a cadáver.

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